Símbolo da ação da Justiça na apuração e julgamento dos envolvidos nos atos golpistas do 8 de janeiro de 2023, o ministro do Supremo Alexandre de Moraes tem sua conduta no caso avaliada de forma mista pelos brasileiros. Segundo o Datafolha, 37% aprovam seu trabalho, ante 33% que o reprovam.
Outros 24% dos 2.002 ouvidos consideram que a condução do magistrado no episódio é regular. A pesquisa foi feita em 19 e 20 de março, e a margem de erro é de dois pontos percentuais para mais ou menos.
Moraes tornou-se um dos mais polêmicos ministros da história recente da corte devido a sua ação em casos envolvendo o radicalismo populista de direita que emergiu com a chegada de Jair Bolsonaro (PL) à Presidência, em 2018.
Ele é o relator do inquérito das fake news, que apurava inicialmente ataques pessoais a ministros do Supremo, o que gerou críticas: o magistrado estaria julgando um caso em que é vítima potencial. A corte rejeita tal colocação.
O inquérito acabou se tornando um guarda-chuva sobre diversos atos associados ao golpismo bolsonarista, que hoje é apurado na questão da trama para manter o ex-presidente no poder e no caso do 8/1 —no qual 145 pessoas já foram condenadas.
Para críticos do ministro, é um poder excessivo e discricionário, e aliados do ex-presidente dizem que ele o persegue. Há também erros formais apontados na sua ação. Seus apoiadores veem no trabalho de Moares um esteio da defesa da democracia em um momento crucial da história recente do país.
Com isso, o trabalho judicial se vê, como de resto virou praxe no Brasil das últimas décadas, em meio a disputas políticas. O próprio presidente Lula (PT) fez uma opção clara de aliança com o Supremo em seu governo, como forma de contrabalançar o peso de um Congresso em que é minoritário.
Sem surpresa, a esfera bolsonarista é mais crítica do que a petista ao ministro. A pesquisa mostra que, entre eleitores do segundo turno de 2022 do ex-presidente, 60% consideram o trabalho de Moraes ruim ou péssimo, ante apenas 14% que o aprovam.
É a colocação em números dos gritos de “Xandão ditador” usuais em atos do grupo, em que o ministro é alvo preferencial e sua ação no 8/1, vista como abusiva contra os mais de 1.400 denunciados pelo Ministério Público.
Já naqueles que elegeram Lula, a aprovação é de 62% e a reprovação, de meros 10%. Os que avaliam a condução como regular se equiparam: 24% entre eleitores do petista, 21% entre os do rival.
Quando o cruzamento é feito a partir da matriz ideológica do entrevistado, os números se equivalem nos extremos, mas nos 21% da população que se dizem neutros a avaliação dos procedimentos de Moraes é dividida em um terço para cada item: 30% aprovam, 29% acham regular e 33%, reprovam.
Nos estratos populacionais relevantes, a melhor avaliação, 42%, se vê na classe média que ganha de 5 a 10 mínimos e nos maiores de 60 anos. Já reprovam mais o trabalho de Moraes quem tem curso superior (45%), os mesmos que ganham de 5 a 10 mínimos (47%) e os mais ricos (43%).