Quais as diferenças entre uma parada cardíaca e um infarto?

Redação
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Em conversas, posts em redes sociais e até reportagens de jornais e revistas, não é incomum ver os termos infarto, ataque cardíaco e parada cardíaca sendo usados como se fossem a mesma coisa. Mas, na verdade, só está certo usar infarto e ataque cardíaco como sinônimos – já parada cardíaca é outra situação. “As pessoas confundem muito isso”, comenta o médico Antonio Amorim, da Sociedade Brasileira de Cardiologia (SBC).

A parada cardíaca é uma interrupção súbita e inesperada dos batimentos e função do coração, o que leva à perda de consciência e da respiração. É um momento em que o coração para de funcionar, causado por arritmia – representada por alterações no ritmo dos batimentos cardíacos. A arritmia faz com que o coração deixe de bombear de sangue, o que vai atingir outros órgãos, como o cérebro e o pulmão.

Por sua vez, o infarto (ou ataque cardíaco) é um problema de circulação sanguínea. Ele ocorre quando uma das artérias coronárias, responsáveis por levar sangue e oxigênio ao coração, fica bloqueada, mas o coração continua batendo. Se o bloqueio não for rapidamente desfeito, a porção do coração que depende dessa artéria começa a morrer por falta de oxigênio. Com isso, pode acontecer uma perda de função cardíaca.

“O infarto pode causar uma parada cardíaca, mas nem toda parada cardíaca é causada por infarto”, resume Amorim.

Entre as possíveis causas para uma parada cardíaca, além do infarto, está uma doença genética chamada cardiomiopatia hipertrófica, em que o músculo do coração se torna espesso de forma anormal.

Um infarto pode causar uma parada cardíaca, mas nem todas as paradas cardíacas são causadas por um infarto. Foto: dragonstock/Adobe Stock

Por trás de um infarto

Como explica Agnaldo Piscopo, do Centro de Treinamento em Emergências da Sociedade de Cardiologia do Estado de São Paulo (Socesp), o coração funciona como uma bomba: ele se contrai e impulsiona o sangue para todo o corpo, incluindo o cérebro, e relaxa para se encher de sangue novamente.

Quem realiza a irrigação do músculo cardíaco são as artérias coronárias. O infarto agudo do miocárdio ocorre quando uma dessas artérias é obstruída, geralmente devido a um processo aterosclerótico, caracterizado pela formação de placas de ateroma (compostas por gordura, cálcio e outras substâncias). Popularmente, esse processo é conhecido como “entupimento das artérias”.

A partir daí, conforme o tempo passa, o quadro pode evoluir para a parada. “O infarto pode apresentar algumas complicações – principalmente nas primeiras horas –, como o surgimento de arritmias graves, capazes de levar à parada cardíaca e morte do paciente”, explica Amorim.

Além da aterosclerose, responsável por mais de 90% dos casos de infarto, há outras causas, como anemia grave e dissecção espontânea de artéria coronária (uma condição rara).

Sinais de infarto e da parada cardíaca

Uma parada cardíaca pode acontecer sem apresentar sintomas nas 24 horas anteriores à sua apresentação e evoluir para a chamada “morte súbita”. A American Heart Association (AHA), uma das principais organizações dedicadas à saúde do coração, divulgou recentemente um alerta importante: 9 em cada 10 pessoas que sofrem uma parada cardíaca fora do hospital não sobrevivem.

Já o infarto normalmente apresenta sinais antes de evoluir para uma parada. A maioria das pessoas sente dor no peito, como explicou Piscopo em entrevista recente ao Estadão sobre primeiros socorros. “Começa no peito e pode ir para o braço, as costas, a região do queixo, com náusea e vômito. Às vezes, pode enganar. Pode doer na região da ‘boca do estômago’.”

Como mostrado na reportagem, idosos, mulheres e pessoas com diabetes podem ter infarto sem uma grande manifestação de dor, com mal-estar indefinido.

Em geral, ataques cardíacos não seguem um caminho linear. Segundo conteúdo da Harvard Health Publishing, reproduzido pelo Estadão, os sintomas podem ser severos ou sutis. O processo subjacente que causa um infarto pode ser diferente para cada um. As pessoas podem experimentar danos cardíacos brandos ou significativos – ou até mesmo nenhum.

“Nem todos os ataques cardíacos acontecem da mesma maneira, então o diagnóstico requer a combinação da avaliação do médico sobre sinais e sintomas, além de resultados de testes”, explicou Peter Libby, um cardiologista do Heart and Vascular Center, no Brigham and Women’s Hospital, afiliado à Harvard.

Prevenção

Diante de um possível quadro de infarto, é importante ligar imediatamente para o Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (Samu).

Além disso, uma medida que pode ser indicada pelo técnico do SAMU, segundo Piscopo, é de administrar ácido acetilsalicílico (o AAS infantil). “Isso reduz o risco de mortalidade em cerca de 20%, porque o AAS começa a ‘trabalhar’ no coágulo. E se não for infarto? Se a pessoa não é alérgica e não tem sangramento, não vai fazer nada, é inócuo”, disse em entrevista anterior.

Já em caso de parada cardíaca, quando o paciente se mostra desacordado e sem resposta, quem está perto deve realizar a massagem cardíaca (ressuscitação cardiopulmonar ou RCP) até a chegada de um desfibrilador, equipamento que ajuda a reverter arritmias, com a equipe médica. Entenda como aqui.

Além disso, é preciso evitar os fatores de risco. Os principais são:

  • Colesterol alto;
  • Tabagismo (cigarro tradicional e eletrônico);
  • Uso de hormônios e anabolizantes para fins estéticos ou ganho muscular;
  • Uso de drogas ilícitas.

“Tudo o que causa inflamação no corpo acelera o desenvolvimento da aterosclerose, o que é o caso do cigarro e dos anabolizantes em doses anormais, por exemplo”, diz o cardiologista da Socesp.

Fonte: Externa

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