O Magazine Luiza (MGLU3) e o Grupo Casas Bahia (BHIA3) divulgam, nos próximos dias, seus resultados do quarto trimestre de 2023, período que deve ser marcado por uma melhora sequencial, mas com os números ainda comprimidos e com as diferenças operacionais pesando. A primeira publica seu balanço nesta segunda-feira, dia 18, após o fechamento do mercado, e a segunda, daqui a uma semana, no dia 25, também depois de o pregão se encerrar.
Apesar do ciclo de queda dos juros no Brasil ter começado, Ana Paula (Popy) Tozzi, CEO da AGR Consultores, menciona que as taxas ainda estão elevadas e que tanto a Black Friday quanto o Natal não foram tão bem quanto o esperado. “O fechamento do último trimestre do ano é o mais importante para o varejo, por incluir duas datas marcantes. Em termos de resultado, no entanto, o período não será muito bom para nenhuma das duas”.
O BTG Pactual vai na mesma linha, citando que, apesar de a inflação e os juros terem caído, os gastos dos consumidores continuam pressionados com, além das taxas de juros ainda altas, o endividamento e a inadimplência. “A temporada de lucros do quarto trimestre para os varejistas brasileiros mostrará uma tendência de recuperação gradual após dificuldades nos últimos trimestres, com alguma aceleração nos lucros e nas margens, enquanto os resultados financeiros sofrem menos do que em períodos anteriores”, diz o time do banco.
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Na base anual, no entanto, a comparação é contaminada, já que em 2022 as vendas dos e-commerce foram impulsionadas pela Copa do Mundo, com pessoas, por exemplo, buscando trocar seus televisores.
Diferenças de momento entra Magazine Luiza e Casas Bahia
De qualquer forma, os especialistas mencionam que a posição de ambas as empresas neste momento é bem diferente. “Enquanto a Casas Bahia está em uma reestruturação muito importante para voltar ao lucro e gerar caixa, o Magazine Luiza está num passo forte de diversificação, entrando com tecnologia, oferecendo nuvem e com o seu marketplace”, acrescenta Poppy.
Para o Magazine Luiza, as casas enxergam uma melhora da rentabilidade – que já foi vista no terceiro trimestre – e também um leve avanço das vendas.
Neste último ponto, para o e-commerce (1P), com o impacto da base de comparação mais difícil em relação a 2022, a Genial projeta um volume bruto de vendas (GMV, na sigla em inglês) caindo 7,8% na base anual, para R$ 7,6 bilhões. Contudo, a resiliência das lojas físicas, que nas projeções da casa entregarão uma alta do GMV de 2,7%, para R$ 18 bilhões, e a performance do marketplace (3P), que deve trazer uma alta de 12%, para R$ 5,1 bilhões, devem puxar o número total 0,3% para cima, para R$ 18 bilhões.
O avanço do marketplace, apesar da desaceleração, deve também jogar a margem Ebitda para cima, com o Magazine Luiza oferecendo serviços aos seus parceiros.
“Apesar da desaceleração de faturamento, acreditamos que a rentabilidade deve tomar os holofotes nesse trimestre. Desde o 3º trimestre, vemos Magalu em um ritmo de forte crescimento de margem bruta e recomposição de EBITDA. Com as vendas de marketplace ganhando ainda mais penetração no mix nesse último trimestre”, fala a Genial. “Como resultado da maior participação do canal 3P no mix, esperamos que as vendas líquidas diminuam 5% no ano, para R$ 10,7 bilhões, mas que a margem bruta expanda em 180 pontos-base, para 29,5%, também ajudado por mais atividade promocional racional”, corrobora o Itaú BBA.
No caso das Casas Bahia, a visão pessimista é sustentada pela reestruturação da empresa, que vem fechando unidades, descontinuando categorias e reduzindo estoques através de promoções, questões que devem impactar, sucessivamente, faturamento e margens.
“Esperamos uma piora anual em todas as linhas do resultado, impactado pela soma de um ambiente macroeconômico desafiador para o consumo de eletroeletrônicos a uma reestruturação micro em andamento”, fala a Genial.
Para a casa, o GMV bruto do Grupo Casas Bahia deve recuar 11,6% no ano, para R$ 10,3 bilhões, mencionando o cenário macro, o fechamento de lojas (totalizando 55 em 2023) e a base forte de comparação. Fora isso, o 3P da empresa deve recuar, com a empresa adotando uma tática diferente dos pares.
“Em linha ao Plano de Transformação, o saldão de estoques antigos ainda deve impactar a rentabilidade. Esperamos um lucro bruto de R$ 1,9 bilhões, queda de 30,5%, e uma margem bruta de 26,0%, com menos 540 pontos-base”, fala a Genial.
Assim, a XP espera que a demanda de bens duráveis se mantenha pressionada devido à conjuntura macroeconômica desafiadora, às taxas de juros ainda altas e a base comparativa com a Copa do Mundo no ano passado, apesar das tendências mistas entre os players em termos de rentabilidade, com o Magalu focado em melhora da rentabilidade, enquanto o Grupo Casas Bahia continua ajustando os níveis de estoque.
Confira as projeções da LSEG para Grupo Casas Bahia e Magazine Luiza: