Uma eventual combinação de negócios entre a Enauta e a 3R Petroleum vai resultar em uma empresa de petróleo capaz de atuar como consolidadora do mercado de óleo e gás, com portfólio diversificado e percepção mais diferenciada de riscos, afirmou o presidente da Enauta, Décio Oddone, nesta terça-feira (2).
“Vemos méritos para capturar sinergias na operação. Vamos buscar acordos operacionais para projetos que foram identificados como potenciais”, disse Oddone.
A empresa resultante da operação terá condições, ainda, de realizar acordos operacionais com a PetroReconcavo, empresa com a qual a 3R vinha negociando um acordo semelhante.
PetroReconcavo e 3R são empresas que ganharam corpo a partir do processo de venda de ativos da Petrobras, encerrado no ano passado.
Muitos dos ativos foram campos de produção de petróleo e gás em declínio de produção, chamados de campos maduros, cuja viabilidade econômica já não era interessante para a Petrobras, mas que poderia fazer sentido para empresas de menor porte.
A operação entre Enauta e 3R, explicou Oddone, faz sentido porque o resultado vai ser uma empresa que não vai ficar dependente apenas de campos maduros, cujo crescimento é de curto prazo.
O declínio da produção tende a ser mais acentuado nos próximos anos, o que expõe essas empresas ao risco na busca da reposição de reservas.
Oddone e o presidente do conselho de administração da Enauta, Mateus Tessler, enviaram uma carta ao conselho de administração da 3R Petroleum, na qual reiteram o conceito da necessidade de se buscar escala na produção de petróleo.
“Companhias de campos maduros precisam ganhar escala e diversificar para entregar rentabilidade com sustentabilidade e perenidade. Isso só é possível quando passam a desenvolver um portfólio balanceado, com produção diversificada”, disseram os executivos na carta.
No documento, eles afirmam que a integração das duas petroleiras vai criar “uma das principais e mais diversificadas empresas independentes atuando na cadeia de petróleo e gás na América Latina”.
Ao combinar negócios com campos terrestres (onshore) com marinhos (offshore), a operação fica mais equilibrada, afirmou Oddone ao Valor.
Campos offshore demandam em torno de sete anos entre a concessão, os estudos e o início da produção de petróleo, o que traz como ônus o risco de queda dos preços do petróleo durante esse tempo (o que pode até mesmo inviabilizar projetos).
Os investimentos são elevados até a produção de petróleo. Por outro lado, quando a extração tem início, explicou, a rentabilidade aumenta e as receitas se estabilizam.
Já os campos onshore são mais baratos: demandam menos investimentos e o início da produção é muito rápida na comparação com os ativos no mar, com prazos medidos por meses.
A Enauta detém a concessão dos campos offshore Atlanta (Bacia de Santos) e Manati (Bacia de Camamu, BA). Está em fase de aquisição de 23% do Parque das Conchas e de 100% dos campos Uruguá e Tambaú, todos na Bacia de Santos.
A 3R Petroleum tem campos offshore Peroá e Papa-Terra, na Bacia de Campos. Detém ainda a concessão de campos onshore nos complexos Potiguar (RN) e Recôncavo (BA). Tem também refinarias, unidades de processamento de gás natural (UPGN) e infraestrutura de armazenamento e tancagem.