O diretor de finanças e de relações com investidores da Eneva, Marcelo Habibe, disse, nesta quarta-feira (13), que a companhia não pretende realizar distribuição de dividendos extraordinários acima do mínimo fixado em lei, relativos aos resultados de 2024. Segundo ele, há uma expectativa de lucro em 2024, frente ao ano passado, quando a empresa registrou prejuízo de R$ 300 milhões.
Ele ressaltou que a companhia acumula lucro líquido da ordem de R$ 1 bilhão nos nove primeiros meses deste ano. “Obviamente, podemos ter um volume a pagar de dividendos no ano que vem”, disse Habibe, em teleconferência com analistas sobre os resultados do terceiro trimestre.
Habibe salientou que a empresa possui um contrato em dólar para arrendamento da unidade de liquefação de gás natural do “hub Sergipe” que corresponde a R$ 3,6 bilhões. Esse valor está registrado como passivo da companhia, e a variação cambial pode impactar, para cima ou para baixo, nos resultados da Eneva, explicou.
O fechamento do câmbio em 2024 é que vai definir o lucro líquido e, consequentemente, o pagamento de dividendos, disse o diretor de finanças da Eneva.
No entanto, a empresa pretende se ater ao mínimo de 25% do lucro líquido estabelecido em lei porque o plano de investimento da Eneva nos próximos anos é “forte”. A ideia, disse Habibe, é que a empresa “comece a pensar” em distribuir valores “mais expressivos” de dividendos a partir de 2027.
“A gente não pensa em distribuir dividendos adicionais. A companhia está num momento de balanço mais desalavancado, com geração de caixa mais forte, mas ainda não é o momento de distribuir dividendos extraordinários”, disse Habibe.
Leilão de reserva de capacidade
O presidente da Eneva, Lino Cançado, disse que a expectativa da empresa é que a portaria com as diretrizes do leilão de energia de reserva de capacidade saia “em algum momento” que viabilize a realização do certame no primeiro trimestre de 2025.
Cançado disse preferir não especular sobre quando a portaria seria publicada no Diário Oficial da União, mas destacou que projeções da Empresa de Pesquisa Energética (EPE) apontavam para um déficit de potência em 2028.
O leilão de energia de reserva de capacidade é voltado para aumentar a segurança energética, ao contratar a disponibilidade de usinas que possam gerar energia de forma ininterrupta, com rápido acionamento quando eólicas e solares deixarem de gerar energia por ausência de vento e radiação solar.
O executivo observou ainda que as térmicas da Eneva que integram o Complexo Parnaíba, localizado no Maranhão, estão sendo chamados para gerar energia a fim de exportar a eletricidade para a Argentina. As usinas estão programadas para gerar mesmo com aumento das chuvas, verificado neste mês de novembro.
“É preciso ver se os volumes esperados [para novembro] se confirmam. Há um aumento real da exportação para a Argentina em novembro e dezembro”, disse Cançado.