Crânios alongados em forma de cone pertencentes a mulheres da era viking enterrados na ilha báltica de Gotland podem ser evidências de contatos comerciais com a região do Mar Negro. Essa é a conclusão de um artigo publicado recentemente na revista Current Swedish Archaeology.
Conduzido pelos arqueólogos Matthias Toplak, do Museu Viking Haithabu, e Lukas Kerk, arqueólogo da Universidade de Münster, ambas instituições alemãs, o estudo revela pistas fascinantes sobre práticas culturais e redes comerciais na Europa setentrional durante a Era Viking.
A pesquisa sugere que os crânios em questão foram modificados deliberadamente desde o nascimento das mulheres, utilizando técnicas como envolver as cabeças com ataduras, uma prática associada aos hunos nômades que migraram da Ásia para a Europa entre os séculos 4 e 5.
Essas modificações foram encontradas em apenas três crânios femininos na ilha de Gotland, sugerindo que era um costume estrangeiro e não difundido por toda a Escandinávia. Toplak especula que essas alterações eram visíveis e podem ter sido um símbolo de status ou pertencimento a uma elite ou grupo social específico.
Além das deformidades nos crânios, a pesquisa também analisou a raspagem de dentes encontrados em crânios ao redor da Escandinávia. Os pesquisadores sugerem que esse processo de limar os dentes pode ter sido usado como uma forma de identificação para certos grupos de mercadores vikings, possivelmente como um rito de iniciação ou como um meio de demonstrar afiliação a uma determinada comunidade comercial.
Contrariamente à ideia de que essas marcas poderiam ser resultado do uso dos dentes como ferramentas, o estudo demonstra que foram feitas de maneira proposital, com o uso de uma lima de ferro.
A importância de Gotland como centro comercial na região do Báltico é ressaltada neste estudo. A concentração de dentes limados em crânios encontrados na ilha aponta sua relevância para o comércio durante a Era Viking até a Idade Média.
No entanto, a prática de raspar os dentes parece ter desaparecido na Escandinávia após o século 12. “O declínio desse costume corresponde ao desenvolvimento das guildas mercantis clássicas na Idade Média”, disse Toplak.
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A descoberta desses crânios alongados e dos dentes limados lança luz sobre aspectos menos conhecidos da cultura e das práticas sociais dos vikings. Enquanto as tatuagens dos membros dessa sociedade eram amplamente conhecidas, outras formas de modificação corporal, como as encontradas nos crânios descobertos em Gotland, receberam menos atenção.
Kurt Alt, arqueólogo da Universidade Privada do Danúbio, na Áustria, destaca que crânios modificados artificialmente foram encontrados em diversas culturas ao redor do mundo, principalmente entre mulheres.
Ele enfatiza que essas modificações eram formas poderosas de expressar identidade, já que o crânio, o rosto e os dentes eram partes do corpo particularmente visíveis e significativas para esse fim.