Colostomia definitiva: o que é? Por que é necessária? Quais os cuidados? Tire dúvidas

Redação
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A cantora Preta Gil usou as redes sociais neste domingo, 26, para dar notícias sobre seu estado de saúde. A artista, que segue internada no Hospital Sírio-Libanês, em São Paulo, contou que está agora com uma bolsa de colostomia definitiva.

A filha de Gilberto Gil passou por cirurgia para retirada de tumores em dezembro do ano passado, que durou cerca de 20 horas. Em setembro do mesmo ano, ela contou que precisou amputar o reto, como parte do tratamento contra um câncer colorretal.

O que é?

A colostomia consiste na ligação de parte do intestino grosso, ou “cólon”, com a parede do abdômen, permitindo que as fezes sejam eliminadas em uma bolsa de plástico fixada por adesivo do lado de fora do corpo. Na maioria das vezes, elas são temporárias, pois geralmente são utilizadas para facilitar a cicatrização após um procedimento.

Após colostomia, deve ser usada uma bolsa coletora, que consiste em uma espécie de saco para coletar as fezes, acoplado a uma placa adesiva fixada no abdômen. A placa protege a pele do contato com o material eliminado. Foto: JFontan/Adobe Stock

“Quando realizamos uma cirurgia por um câncer de reto, por exemplo, há alguns riscos. Por isso, optamos pela colostomia. O objetivo é fazer com que as fezes não passem pela região que está costurada – como a emenda feita entre o reto e o intestino –, até que ela cicatrize completamente”, explica Rodrigo Perez, chefe do Núcleo de coloproctologia e intestinos do Centro Especializado em Aparelho Digestivo do Hospital Alemão Oswaldo Cruz, em São Paulo.

No entanto, algumas vezes as bolsas de colostomia podem ser mantidas por toda a vida, especialmente após procedimentos cirúrgicos que não permitem a restauração da função normal do intestino.

“A definitiva é feita em algumas situações específicas, sendo a mais comum de todas quando a pessoa foi submetida a uma cirurgia de câncer de reto com amputação do ânus”, diz o coloproctologista Tiago Ghezzi, chefe do Serviço de Coloproctologia do Hospital Moinhos de Vento, de Porto Alegre (RS).

Essa remoção costuma ser indicada quando um câncer na região do ânus ou reto afeta os esfíncteres, que precisam ser removidos. Os esfíncteres anais são como anéis de músculos, que mantêm o ânus fechado e são controlados de forma subconsciente pelo sistema nervoso.

Além disso, como explicou o médico Sidney Klajner, cirurgião do aparelho digestivo e presidente do Hospital Israelita Albert Einstein, em reportagem do Estadão, a indicação da amputação ocorre depois de um tratamento quimioterápico e radioterápico em que não houve a remissão completa e esse tumor está muito próximo ao ânus, impossibilitando uma margem adequada para a cura.

Como é feita?

Na prática, a cirurgia para colostomia consiste em passar um pedaço do intestino através de um orifício criado cirurgicamente no abdômen. A alça do intestino é puxada para fora e um orifício circular é feito na pele.

Em seguida, a bolsa, geralmente de plástico, é colocada para coletar as fezes. Ela é acoplada à uma placa de silicone adesiva, grudada na pele ao redor do estoma (nome dado à abertura criada cirurgicamente no corpo).

“A placa adesiva serve para proteger a pele do contato com as fezes, pois a pele do abdômen não está preparada para isso, ao contrário da pele do ânus, que se adapta ao longo dos anos. Sem essa proteção, as fezes podem irritar e machucar a pele”, explica Perez.

Normalmente, o local exato da colostomia é definido com o paciente acordado, vestido, para determinar a posição mais confortável, considerando fatores como altura, peso, sexo e vestimenta do paciente. Já o procedimento em si é feito com anestesia geral, durante cirurgia.

Quais os cuidados necessários?

Os cuidados envolvem a higienização da pele, troca da bolsa e a adaptação.

A bolsa coletora, em geral, é descartável e fácil de higienizar. Ela deve ser trocada periodicamente, geralmente a cada três a sete dias, segundo Ghezzi. Além disso, a área ao redor da colostomia deve ser limpa com água e, se necessário, sabão neutro. Ou seja, é importante evitar produtos irritantes.

O processo de adaptação pode ser difícil no começo. Por isso, é recomendável que a pessoa receba a orientação de um estomatoterapeuta, que é um profissional da área de enfermagem especializado em cuidados com estomas. Ele pode ensinar como realizar a limpeza e a troca da bolsa corretamente.

Além disso, existem bolsas de um componente (onde a bolsa e a placa são uma peça única) e de dois componentes (onde a bolsa pode ser desconectada da placa). Para os tipos em que a placa também precisa ser removida durante as trocas, é importante ter cuidado para não machucar a pele ao puxar o adesivo.

Fora esses cuidados, não há restrições para as pessoas com bolsa de colostomia, diz Ghezzi. Segundo o médico, após um período de recuperação da cirurgia, geralmente de dois a três meses, a pessoa pode retomar suas atividades, incluindo exercícios físicos e atividades sociais e sexuais, sem restrições.

“Uma pessoa com colostomia vive uma vida normal. Pode tomar banho com a bolsa, se não for o momento de trocá-la, não há restrição de dieta, nem de atividade física. É vida normal”, destaca.

Câncer colorretal

Como já informado pelo Estadão, de acordo com o Instituto Nacional de Câncer (Inca) os principais fatores de risco para o câncer colorretal estão associados ao comportamento, como sedentarismo, obesidade, consumo regular de álcool e tabaco e baixo consumo de fibras.

Outros fatores de risco têm a ver com condições genéticas ou hereditárias, como doença inflamatória intestinal crônica e histórico familiar da doença. Há ainda aspectos ocupacionais, como exposição à radiação de raios X e gama.

No Brasil, a estimativa é de 45.630 novos casos da doença por ano, sendo 21.970 casos entre os homens e 23.660 entre as mulheres, correspondendo a um risco estimado de 21,10 casos por 100 mil habitantes.

Fonte: Externa

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