Brasileiras têm dificuldade de identificar mitos e verdades sobre câncer de mama, mostra pesquisa

Redação
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Um levantamento com 1.036 brasileiras entre 16 e 60 anos mostrou que muitas têm dificuldade de identificar mitos e verdades sobre o câncer de mama, primeira causa de morte por câncer em mulheres no País.

A pesquisa, conduzida pelo A.C.Camargo Cancer Center em parceria com a Nexus, revelou ainda que cerca de 25% das entrevistadas com mais de 40 anos nunca realizaram o autoexame e nem a mamografia.

“A pesquisa indica que, apesar de haver algum grau de conscientização sobre formas de prevenir a doença e de acesso aos exames, especialmente entre as mulheres com mais de 40 anos, ainda há muitos desafios para prevenção”, afirma Fabiana Makdissi, líder do Centro de Referência em Tumores de Mama do A.C.Camargo.

Brasileiras têm dúvidas sobre formas de prevenção e diagnóstico do câncer de mama Foto: Gorodenkoff/Adobe Stock

Atualmente, a mamografia é indicada e oferecida pelo Sistema Único de Saúde (SUS) a partir dos 50 anos. A Sociedade Brasileira de Mastologia (SBM), porém, recomenda fazer o exame a partir dos 40 anos ou antes, caso a mulher tenha histórico de câncer de mama ou ovário na família.

Já o autoexame é compreendido como uma forma de a mulher conhecer o próprio corpo e, apesar de auxiliar na identificação de tumores maiores, não substitui os exames de detecção. Tampouco impede o surgimento da doença, ao contrário do que apontaram 42% das entrevistadas.

Prevenção

Seis em cada dez entrevistadas disseram não saber as formas de prevenir o câncer e 16% responderam que sabiam “mais ou menos”.

Solange Sanches, vice-líder do Centro de Referência em Tumores da Mama do A.C.Camargo e uma das responsáveis pela pesquisa, reforça que não há um conjunto de procedimentos que zere o risco de ter câncer de mama, mas há formas de diminuir esse risco e principalmente a mortalidade associada à doença.

Segundo o Código Latino-Americano e Caribenho contra o Câncer, há 17 atitudes para a prevenção de tumores, entre elas:

  • Não fumar ou usar qualquer tipo de tabaco
  • Manter ou atingir o peso saudável
  • Fazer atividade física diariamente
  • Ter uma alimentação saudável
  • Evitar o consumo de bebidas alcoólicas
  • Amamentar
  • Fazer periodicamente o exame clínico das mamas
  • Não fazer reposição hormonal, a menos que haja indicação
  • Manter a vacinação em dia

“Não conseguimos mudar os fatores genéticos e outros pontos, afinal, são doenças multifatoriais, mas podemos mudar a alimentação e fazer atividade física, que já ajudam muito”, enfatiza Solange.

Amamentação

Segundo o Instituto Nacional do Câncer (Inca), além dos benefícios para o bebê, amamentar reduz as chances de desenvolver câncer de mama. Menos da metade (47%) das mulheres, porém, responderam concordando com a afirmação.

A relação entre amamentação e redução nos riscos da doença ocorre porque, no período de amamentação, há a eliminação e a renovação de células que poderiam ter danos em seu material genético. Além disso, nessa fase, caem as taxas de determinados hormônios que favorecem o desenvolvimento desse tipo de tumor.

Reposição hormonal

Cerca de 42% das mulheres concordaram que a terapia de reposição hormonal (TRH) pode causar câncer de mama. Segundo o Inca, a TRH, geralmente usada para aliviar os sintomas da menopausa, realmente pode aumentar o risco da doença, principalmente se a mulher faz uso da terapia combinada de estrogênio e progesterona.

De acordo com Fabiana, esse risco aumenta se a terapia for realizada por mais de cinco anos. “Precisamos ressaltar que mulheres que já tiveram câncer de mama não devem fazer reposição hormonal, mas o mais importante é que, antes de uma mulher começar esse tipo de terapia, ela precisa ter suas mamas avaliadas para identificar qualquer possível questão.”

Silicone

Em relação à afirmação de que “colocar silicone aumenta a chance de câncer de mama”, que segundo as especialistas é falsa, 42% das mulheres responderam “sim” e 43%, “não”.

Fabiana explica que não há maior incidência de carcinoma, o tipo mais frequente de câncer de mama (correspondente a mais de 95% dos casos), entre aquelas que têm prótese. Existe, contudo, um tipo raro da doença, chamado de linfoma anaplásico de grandes células, em que pode haver alguma conexão. “Mas não pode ser generalizado como um fator de risco”, diz.

Fonte: Externa

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