Aspirina pode diminuir risco de câncer colorretal em algumas pessoas, indica estudo

Redação
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Tomar aspirina regularmente pode diminuir o risco de câncer colorretal, especialmente entre pessoas que não têm um estilo de vida saudável. Nesse grupo, a incidência da doença caiu 38,2% (de 3,4% para 2,1%) com o uso contínuo do medicamento, segundo estudo liderado por pesquisadores da Mass General Brigham, empresa de pesquisa hospitalar afiliada a Harvard.

Publicado na revista científica JAMA Oncology, o estudo acompanhou por 30 anos mais de 100 mil homens e mulheres. Para a análise, o uso regular de aspirina foi definido como dois ou mais comprimidos de dose padrão (325 mg) por semana ou aspirina de baixa dose diária (81 mg).

Para a análise, o uso regular de aspirina foi definido como dois ou mais comprimidos por semana ou um comprimido de baixa dose por dia Foto: Fizkes/Adobe Stock

No Brasil, o câncer colorretal é o terceiro tipo de câncer mais frequente, segundo o Ministério da Saúde, ficando atrás apenas do câncer de mama (73.610 casos por ano) e de próstata (71.730 casos por ano). A estimativa anual é de 45.630 novos casos da doença por ano.

Pessoas com estilos de vida menos saudáveis, ou seja, aquelas que fumam, bebem álcool com frequência, se alimentam mal e não praticam atividade física têm maior risco de desenvolver a doença.

“Infelizmente, não vivemos um mundo utópico. Temos de lidar com a realidade que se impõe perante nós, em que as pessoas estão, sim, expostas a esses fatores de risco”, afirma Pedro Averbach, cirurgião e coloproctologista do Hospital Sírio-Libanês em São Paulo.

Para o especialista, a pesquisa é relevante e a maior já feita na área. Embora estudos anteriores tenham apresentado a possibilidade de a aspirina ser usada na prevenção do câncer colorretal, ele aponta que é a primeira vez que uma análise investiga quem realmente se beneficia com esse método.

Averbach defende que todo esforço deve ser feito para que as pessoas adquiram cada vez mais hábitos saudáveis. “Mas, até lá, como médicos e como sociedade, temos que estar prontos para mitigar os efeitos desses hábitos danosos.”

Aspirina e câncer

O ácido acetilsalicílico (AAS), popularmente conhecido como aspirina, é um medicamento classificado como um anti-inflamatório não esteroide. Além de combater inflamações, ele pode evitar a formação de coágulos no sangue, aliviar a dor e a febre.

O novo estudo não especifica a maneira pela qual a aspirina tende a reduzir a incidência de câncer colorretal, mas o coloproctologista explica que a ação está relacionada à redução de inflamação no intestino que o medicamento proporciona.

Essa inflamação está associada ao desenvolvimento de pólipos no órgão, o que pode desencadear o aparecimento de um tumor. “Ela faz isso inibindo a formação de uma substância chamada prostaglandina, que o corpo produz”, diz o médico.

Segundo Daniel Sikavi, cientista envolvido na nova pesquisa, o medicamento também parece bloquear vias de sinalização dentro das células que causam seu crescimento e disseminação, e pode influenciar a resposta imunológica contra as células cancerosas. “A aspirina provavelmente previne o câncer colorretal por meio de vários mecanismos”, afirma.

Existem evidências de que o anti-inflamatório também pode ter efeitos preventivos em outros tipos de câncer, mas as evidências mais consistentes são aquelas focadas no câncer colorretal.

“O mecanismo exato pode variar entre os diferentes tipos de câncer e os benefícios da aspirina não são uniformes para todos”, explica Averbach. Por isso, o médico ressalta a importância de que o uso de aspirina como prevenção seja sempre discutido com um médico, que pode avaliar os riscos e benefícios para cada pessoa em particular.

Devo tomar aspirina?

Não. Embora possa oferecer proteção contra certos tipos de câncer, o uso contínuo do medicamento também pode causar efeitos colaterais, como sangramentos gastrointestinais.

Somado a isso, o novo estudo aponta que, mesmo na população de maior risco, apenas um caso é evitado a cada 78 pessoas que tomam aspirina para prevenir o câncer colorretal.

Para o coloproctologista do Sírio-Libanês, ainda não é possível definir com segurança se o benefício compensa os riscos.

Fonte: Externa

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