Não é de hoje que a relação entre a pressão alta e demência se tornou tema de estudo por parte da medicina. Contudo, uma pesquisa recente descobriu que os dois fatores estão diretamente conectados. É o que mostra um levantamento publicado no European Heart Journal, que identificou como partes específicas do cérebro que são afetadas pelo aumento da pressão arterial.
“Quando verificamos nossas descobertas estudando um grupo de pacientes na Itália com pressão alta, descobrimos que as partes do cérebro que identificamos estavam realmente afetadas”, explicou o médico e professor de Fisiologia Tomasz Guzik da Universidade de Glasgow, responsável pela investigação.
Durante o experimento, a equipe do estudo associou a pressão alta e declínio cognitivo a danos em nove regiões cerebrais diferentes. Essas áreas do cérebro influenciam na capacidade de aprendizado, planejamento de tarefas de tomada de decisão e regulação emocional. Além disso, a pressão alta também diminuiu o volume do tecido cerebral nos participantes.
Como foi feito o estudo?
Para entender se a pressão alta causava danos cerebrais estruturais ou se era coincidência, os pesquisadores empregaram uma técnica chamada “randomização mendeliana”, que usa a informação genética de uma pessoa. Em seguida, eles procuram ver se existia uma relação entre os genes que predispõem a uma pressão arterial mais alta e os resultados. “Em nosso estudo, se um gene que causa pressão alta também está ligado a certas estruturas cerebrais e suas funções”, disse o professor Guzik. “Isso sugere que a pressão alta pode realmente estar causando disfunção cerebral naquele local, levando a problemas de memória, pensamento e demência”, completa ele.
Identificar regiões específicas do cérebro afetadas pela pressão alta pode abrir caminho para tratamentos personalizados.
O que é pressão alta?
A hipertensão arterial ou pressão alta é uma doença crônica caracterizada pelos níveis elevados da pressão sanguínea nas artérias. O Ministério da Saúde define pressão alta quando os valores das pressões máxima e mínima são iguais ou ultrapassam os 140/90 mmHg (ou 14 por 9), Portanto, a hipertensão é um dos principais fatores de risco para a ocorrência de acidente vascular cerebral, infarto, aneurisma arterial e insuficiência renal e cardíaca.
Demência está ligada à poluição do ar, avalia Harvard
Segundo outro estudo realizado pela Universidade de Harvard, a poluição do ar pode estar diretamente ligada ao aumento do risco de demência em idosos. A pesquisa acompanhou 63.038 mulheres de 70 a 81 anos durante 10 anos e descobriu que aquelas que moravam em áreas com altos níveis de poluição do ar eram mais propensas a desenvolver demência. Os pesquisadores observaram que, para cada aumento de 1 μg/m³ de material particulado fino (PM2,5), o risco de demência aumentou em 16%.