Ao longo de muitos anos, a Lua vem sendo cada vez mais objeto de interesse humano. Nas décadas de 1960 e 1970, o programa Apollo, da NASA, representava muito mais uma campanha para atestar a superioridade norte-americana em relação à então União Soviética (URSS) no contexto da Guerra Fria do que um projeto de exploração científica.
Atualmente, embora ainda existam conflitos – cada vez mais acentuados – entre a agora Rússia e os EUA (sem deixar de citar a China), as missões lunares não estão limitadas a uma disputa de ego entre essas grandes potências. Existe, de fato, um interesse comercial no satélite natural da Terra, algo que se confirma pelo envolvimento de empresas privadas nas investigações.
E uma das grandes perguntas que poderão ser respondidas pelas missões futuras à Lua é: afinal, como e quando ela foi formada?
O que diz a teoria mais conhecida sobre a origem da Lua
A teoria mais aceita é que esse corpo celeste tenha resultado a partir de uma grande colisão entre a Terra e um imenso planetesimal (um bloco de construção de um planeta), possivelmente com a massa aproximada de Marte, o que teria espalhado uma quantidade significativa de massa de matéria e formado um disco ao redor, de onde se originou a Lua.
Acontece que todo esse processo pode ter sido muito mais rápido do que parece. Cientistas da Universidade de Durham, na Inglaterra, utilizaram um supercomputador para produzir simulações de diversos cenários a respeito desse grande choque.
Essas simulações apontam que a Lua surgiu imediatamente após o impacto, há cerca de 4,5 bilhões de anos, levando no máximo algumas horas para se formar. O estudo, que contou com a participação de cientistas da NASA e da Universidade de Glasgow, na Escócia, foi apresentado na 53ª Conferência de Ciências Lunares e Planetárias de 2022 e publicado no periódico científico Astrophysical Journal Letters.
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Liderada pelo pesquisador de pós-doutorado Jacob Kegerreis, a equipe responsável pelo estudo realizou cálculos usando simulações de código aberto SWIFT, executadas no serviço DiRAC Memory Intensive (“COSMA”), nas instalações da universidade.
Os cenários de colisões variavam em ângulos, velocidades e massas dos corpos envolvidos. Somente com essa abordagem mais detalhada foi possível gerar resultados que incluíam um satélite semelhante à Lua na órbita da Terra.
Os resultados obtidos desafiam a explicação tradicional da formação da Lua, que sugere um processo gradual de acumulação de detritos após o impacto. Em vez disso, os cientistas propõem que a maior parte do objeto possa ter se formado instantaneamente após o evento cataclísmico, implicando em menos derretimento do material lunar durante sua formação do que se pensava anteriormente.
Para Vincent Eke, um dos coautores do estudo, essa teoria oferece uma explicação para a semelhança na composição isotópica entre as rochas lunares e o manto terrestre. Além disso, sugere possíveis implicações para a espessura da crosta lunar e a estrutura interna da Lua.
Futuras missões in loco podem fornecer mais insights sobre os eventos que levaram à criação do satélite natural da Terra e, por extensão, sobre a evolução do nosso próprio planeta.